quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Des(feito)

Hoje dia 02 de novembro, dia de finados
A maioria das religiões e crenças acredita na vida eterna.

Peço licença à Cacau Lopes para postar um de seus poemas.

Meu corpo não tem mais nervos nem fogo:
É um relógio de corda, pulsando fora de mim,
Sem que eu saiba, ao menos,
A hora do último fim.

Minha alma não tem mais músculos nem sexo:
É uma tonelada de pedra pálida
Da minha carne despregada,
Despencando em queda íngreme em direção ao nada.

Minha vida não tem mais pele nem desejo:
É uma pena de ave ao vento,
Seguindo meu próprio cortejo.

E daqui, deste não-lugar, desvestido de pele e alma,
Descubro que a pena de um sofrimento
Não vale a brisa de uma manhã tão calma.

4 comentários:

  1. É...
    Assim a morte já não é mais um ato indesejável.
    Meus Deus!
    Quem sabe um dia não haverá mais dia de finados, onde só há beleza nas luzes de velas lembrando aos mortos, dai, de dentro do cemiterio, que ainda há VIDA!

    Cheiro de terra fértil

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  2. Eu nem vou ao cemitério, por pensar que as vidas não estejam lá e sim perambulando no meio de nós.

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  3. Luiza querida, vou comentar com um texto de Fernando Pessoa, que sempre utilizo como oração para a reflexão sobre a morte:
    "O que é preciso é ser-se natural e calmo tanto na felicidade e na infelicidade, sentir como quem anda, e quando se vai morrer lembrar-se que o dia morre, e que o poente é belo, e é bela a noite que fica."
    Beijos e vida longa a nós.
    Marli Pereira

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  4. Marli maravilhosa, como está fresquinha ainda a perda da sua mãe, esta reflexão está ainda a rondar seus pensamentos, penso eu. Fiquei assim por algum tempo qdo meu marido se foi. Quanto à vida longa, ainda tenho uns 35 para viver conforme meus planos e que espero que seja os de Deus também. Bjs de longevidade.

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