domingo, 30 de outubro de 2011

INQUIETUDE



O silêncio buscou morada em meu peito,

Ao que aceito: calo-me. Nada falo.

Enveredo-me em mim mesmo,

E, sendo assim, permito-lhe o acalanto,

E tanto, que dele busco proveito.

Respeito-lhe.

Ouço o sopro brando de meu respiro.

Suspiro. Inspiro. Conspiro com sua trama.

Sou refém. Prisioneiro de seu poder.

Pemito-lhe que se revele.

Pactuo com sua causa.

Meu corpo consente-lhe o álibi.

A solidão silenciosa e apavorante do não ser e não estar

Invadem os espaços seguros de minhas entranhas.

Vozes estranhas que, sem nada dizer,

Assombram minha abstinência e a mudez de meus lábios.

Sou silêncio fundado pelo pensamento ritmado destas invasoras.

Meu silêncio já se funde aos meus ruídos.

Meus fluídos me aquecem e ruborizam a pele.

Sou inerte e segregado à sua tensa quietude.

Estou à miúde. Sou a chama deste estado.

Sou palavra em infinitos pensamentos.

Momentos invisíveis a olhos nus.

Sou corpo e som de meu silêncio.

Os olhos buscam ao redor e resta-me a inquietação do não dizer,

A verdade sucumbida aos músculos de minha  face

Que desenham esta inquietude.

E, em dado momento,

Descubro que, em verdade, o silêncio é pensamento.


29/10/2011 – 20:00
Chiquinho Silva

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