sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Dia D; Dia: 31/10; D de Drummond

Pois é, no dia 31/10/1902 nascia o poeta tímido, discreto, lírico e arrebatador, Carlos Drummond de Andrade.
Pelo poema que hoje publico em sua homenagem, percebi que às características acima devo acrescentar a de divertido.

A bunda, que engraçada
Carlos Drummond de Andrade

A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda,
redunda.

2 comentários:

  1. Ah........., lembro que já li esse poema em alguma ocasião. Lindo!!!! Ralmenta a Bunda faz sucesso.

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  2. Que a-bunda-ncia de erotismo!
    A liberdade tem uma relação intima com os atos libidinosos e a bunda, a fantasia sobre ela, a poesia sobre ela assim o representa.

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