domingo, 8 de abril de 2012

LUCIDEZ




















Confesso-me inconfesso

Renego a frustração que advém de tal proeza

E que seja carne ou que seja espírito

Admito o que hoje em mim fraqueja

E persigo a ilusão vital

Sem, entretanto, comover-me com tal nobreza.

Revisto-me de minhas impurezas

Confundindo-me em refém e gene de minha própria natureza

Que venham os filósofos,

Que rujam os tambores,

Meus temores,

Meu apavoramento,

Muito além do que de mim anseio

Meus legados amorfos

Signos legendados

Sonetos amaldiçoados pela ignorância letal

De quem morto se revela.

Essa cruel desesperança que de vingança se alimenta

E sua saborosa e pretensa razão de existência.

Permitam-me tamanha insensatez,

Lucidez de minha carne e ira de meus dentes.

Meu corpo, abatido pela dor da mortalidade,

Já mergulha em sua finitude

Mesmo que eu, negando-lhe ataúde,

De tempos em tempos, me ilude...


04/04/2012 – 23:28
Chiquinho Silva

3 comentários:

  1. Seu poema Chico, nesta manhã quente de domingo, é um sopro de vento fresco, refrescando minhas idéias a respeito da Páscoa. Esperança, desesperança frente a finitude. Também louvável a ilusão que nos mantém confiantes na ressurreição que está por vir.
    Bom contar com sua postagem no primeiro dia da semana.
    Para todos nós, feliz ano novo!!!
    Marli Pereira

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  2. Que lindo Marli: "Seu poema Chico, nesta manhã quente de domingo, é um sopro de vento fresco, refrescando minhas idéias a respeito da Páscoa. Esperança, desesperança frente a finitude. Também louvável a ilusão que nos mantém confiantes na ressurreição que está por vir."

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  3. Chico, pérolas reprozindo outras pérolas, como deve ser...

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