quinta-feira, 17 de novembro de 2011

CIENCIA POESIA BELEZA VIDA MORTE...



Como sabem, estou lendo Rubem Alves, e recomendo. Selecionei algumas pérolas do livro As cores do crepúsculo: A estética do envelhecer. Compartilho com meus leitores o que tenho degustado em horas prazerosas. Coma comigo! beba comigo! Devore comigo!

“... a ciência desconfia das palavras. Com razão. Pois o cientista as trata como ferramenta, objeto de uso, ao lado dos martelos e alicates... livrando-se delas sem nehuma dor tão logo deixem de servir aos seus propósitos. Pouco lhe importa que sejam feias ou bonitas; ele nao as ama, nao faz amor com elas, e nem é por ela amado... na poesia é diferente, as palavras não são ferramentas, são amantes. Um poema é a música da orgia amorosa a que se entregam as palavras. Elas fazem amor entre elas...”
“... o outono é o crepusculo do ano. A colheita terminou. Tudo fica frágil, à espera. As árvores começam a se queimar em cores vermelhas e amarelas, um grito de orgasmo, não se sabe direito se de beleza ou de morte. E o tempo se imobiliza na espera do inverno. Sim, imóvel como a folha de outuno, à espera do proximo golpe de vento... A beleza é sempre assim, a coincidência entre eternidade e despedida: Aquilo que o amor deseja que exista eternamente lhe escapa por entre os dedos ...”

“... passada a supresa estética da descoberta da velhice como crepúsculo, dei-me conta de que aquilo que eu vi pela primeira vez era o que eu sempre tinha visto... o crepúsculo morava dentro de mim... isso explicava a incompreensível nostalgia que sempre me acompanhava. O gosto pela solidão. O medo de morrer... a vontade de chorar diante da beleza...”

 

“...há uma velhice em que as coisas amadas vão ficando cada vez mais distantes, perdidas no mar do esquecimento. E há uma outra velhice em que as coisas amadas perdidas voltam, ressuscitadas pela magia da saudade...”

Agora, a mais sublime...

“... Sim, eu quero viver muitos anos mais. Mas não a qualquer preço. Quero viver enquanto estiver acesa, em mim, a capacidade de me comover diante da beleza.”

Rubem Alves.
Fragmentos
17.11.2011
  

3 comentários:

  1. «Que me importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte? - O que eu vejo é o beco ...
    Manuel Bandeira kkkkk

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  2. Me senti impotente para fazer qualquer tipo de comentário, diante do vislumbre do Gilson e da fragilidade do Lau.

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  3. Luiza querida.
    Que bom que o Lau rir do que diz, do que acredita ou parece crer... os KKKKKKK'S parece revelar mais leveza no semblante de quem escreve.
    Cheiro Lau!
    Cheiro Luiza e Coletivo.
    Até este sábado no nosso encontro

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