terça-feira, 15 de novembro de 2011

DISCURSO, ESTEREÓTIPO E EDUCAÇÃO

Na terça-feira da semana passada escrevi neste blog um texto sobre o mês de novembro, mês da consciência negra, sugerindo que esse mês é ocasião oportuna para refletirmos sobre questões relacionadas à negritude, pertinentes a toda sociedade brasileira.

Os trechos do texto que segue foram apresentados como parte da monografia que escrevi no ano passado por ocasião do término do curso de pós-graduação em Magistério do Ensino Superior/PUC, cujo título foi O NEGRO NO ENSINO SUPERIOR: ASPECTOS HISTÓRICOS, ECONÔMICOS, SOCIAIS, PSICOLÓGICOS E CULTURAIS.

... O discurso é quase sempre arma básica de invisibilização. Foi assim utilizado para justificar a dominação e a escravidão no Brasil. As ideias e imagens estereotipadas em relação ao Continente Africano, sua cultura, transmitidas nos livros, na historiografia oficial, na maioria das vezes não correspondem à realidade. “O discurso é também um dispositivo de dominação, é ele que legitima a situação do ‘outro’, o nomeia. Não basta força militar, é preciso que o poder seja legitimado pelo discurso.” (MUNANGA, 2010).

A existência do chamado "escravo" não é razão para aceitar a escravidão. Em qualquer circunstância, a escravidão é uma instituição desumanizante e deve ser condenada. O homem nasce livre até que alguém o escravize. Portanto, o próprio conceito está errado. O correto é "escravizado", não "escravo". Não há uma categoria de escravo natural. Porém, esse conceito já está enraizado na literatura. (MUNANGA, 2010).

Sobre o Ensino Superior, vale destacar que muito recentemente em um artigo publicado na Folha de São Paulo (Tendências/Debates, 17/09/09) o autor José Jorge de Carvalho aborda o tema da invisibilidade do negro no Ensino Superior ao escrever: ‘cotas: uma nova consciência acadêmica’, atentando para o fato da ausência do negro nos espaços acadêmicos, não só como aluno, mas também como mestres. Segundo ele, “a Universidade de Brasília tem 1.400 professores e apenas 14 são negros”. Esse dado faz pensar que antes de serem mestres são alunos, portanto há nesse exemplo uma relação de causa e efeito que o autor leva de maneira contundente a refletir sobre o tema. Atentando ainda para essa mesma relação, ele afirma que essa realidade não é diferente na USP. “Dados recentes indicam que, de 5.434 docentes, os negros não passam de 40. Pelo censo de identificação que fiz em 2005, a porcentagem média de docentes negros no conjunto das seis mais poderosas universidades públicas brasileiras (USP, Unicamp, UFRJ, UFRGS, UFMG, UnB) é 0,6%.” (CARVALHO, 2009)

A história da educação na sociedade brasileira é marcada por mecanismos excludentes de alguns grupos que a compõe, mantendo dessa forma a lógica histórica de privilégios e oportunidades para grupos específicos, detentoras do poder econômico, social, cultural, etc.; contrariando assim os princípios básicos da Constituição Federal (CF), que preconiza direito e tratamento iguais a todos os cidadãos perante a Lei...

2 comentários:

  1. Pois é Lau a coisa é mais séria do que a gente consegue captar. Nunca tinha pensado no termo escravo, realmente ninguém nasce escravo. Uma coisa dolorida também é pensar que o negro nasceu para serviço braçal. Só este mês, por 2 vezes me perguntaram se eu era diarista ou faxineira... Eu respondi, sim sou diarista, saio todos os dias para o trabalho, portanto trabalho diariamente. Não menosprezando o trabalho da faxineira, mas no consciente comum está posto que este trabalho está designado para nós negros e negras. Não só no mês de novembro, mas todos os dias do ano temos que estar atentos para a questão da negritude. Outro dia ouvi de um adolescente. "Sou negro, estou preso, estou acabado".

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  2. Hoje li uma manchete na internet que dizia: Branco ganha o dobro de negros e pardos...
    Refere-se ao salário definido a partir de uma raça! Quer ganhar mais fique branco! é isso entao... até quando nao saberemos.

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