quarta-feira, 13 de julho de 2011

Era uma vez um cachorrinho que achou uma criancinha...

Desde que ouvi pelos meios de comunicação a notícia de que um cachorrinho que passeava com sua dona achou num saquinho de supermercado que estava na calçada uma menina rescém-nascida, estou refletindo sobre os paradoxos que enfrentamos no dia a dia.
O normal não seria o contrário? Não seria a menina que deveria achar o cachorro?
Assim como um dia minha sobrinha achou uma cachorrinha rescém-nascida, tão minúscula, tão indefesa que a levou para casa dedicando-lhe todo cuidado necessário para sua sobrevivência!
Ao ler a postagem do Laudecir nesta terça feira lembrei de minhas reflexões "paradoxais" como também de um texto que li e vou incluí-lo na minha postagem deste dia como sugestão de reflexão, diante dos meus questionamentos reflexivos e também do que o Lau questionou.

Realista ou Idealista?
Isso me leva a pensar nos contrários, nos opostos, nos paradoxos.

O que é real?
Lulu Santos vem nos intrigar afirmando que:
"Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia
tudo passa tudo sempre passará.
A vida vem em ondas como o mar
num indo e vindo num segundo.
Tudo que se ve não é
igual ao que a gente viu há um segundo
tudo muda o tempo todo no mundo".

Então o que é real?
Mônica Aiub, filósofa clínica, baseada nos pensamentos de Heráclito, pensador solitário, (504-501 a.C.) afirma que "quando queremos fixar as coisas e definir o que são, elas já não consistem no que eram um momento antes".
E continua... "Você conseguiria compreender e conviver com pessoas que pensam exatamente o oposto do que você pensa, que vivem exatamente o contrário do que você vive?
...E se essas pessoas lhe dissessem que você precisa mudar, ser como elas são, viver como vivem, o que você faria?
...Acompanhar as tensões, o movimento das transformações, é a forma de compreender a unidade, de conhecer.
...O logos é a unidade profunda que as oposições aparentes ocultam e sugerem: os contrários, em todos os níveis da realidade, constituem a unidade nas transformações.
...tudo muda, nada permanece o mesmo. Somos e não somos, e isso não é um problema, é apenas a nossa natureza.
Se tudo se move, se transforma o tempo inteiro. Se não nos banhamos duas vezes no mesmo rio, pois as águas não são as mesmas, nós não somos os mesmos, se não é possível tocar duas vezes o mesmo ser, como é possível conhecer?
Não podemos dizer que as coisas são, porque no momento seguinte elas podem não ser mais o que eram. Não podemos dizer que não são, porque podem se tornar: tudo está em constante fluir, em eterno vir-a-ser, devir. Contudo, "é possível a todos os homens conhecer-se a si mesmo e ser sábios" (fr 116). No olhar heraclítico, esse conhecimento exige que acompanhemos o movimento da vida, que nos percebamos como sendo e não sendo, que nos permitamos questionar o estabelecido, construir novos modos de ser, que busquemos a harmonia dos opostos, como "o arco e a lira." (Filosofia Ciência & Vida, pág. 52 a 57).
Sendo assim eu digo: sou uma mistura continuada de real e de ideal, porque logo que me percebo real numa fração de segundo estou sonhando com o ideal.

5 comentários:

  1. Luiza, lembro de você ter falado sobre esse acontecimento do cachorrinho que encontra o recém nascido. Eu vi essa notícia também. É uma REALIDADE muito triste. O ideal seria que não fosse encontrado nem criança nem cachorro pelas ruas....mas a dura REALIDADE é que vejo as duas coisas, e acho até que vejo mais criança criança do que cachorro, pelo menos nos arredores de onde moro, e que você conhece tão bem quanto eu...

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  2. Luiza, será que conhecemos as pessoas? Será que nos conhecemos? Em todos os lugares há sempre mesas cheias de pessoas vazias. Julgamos conhecer as pessoas, mas, apenas de vez em quando esbarramos nelas.Escondemos tanto segredos. Pessoas não se conhecem. Convivemos com várias pessoas. Como Fernando Pessoa.
    Beijos
    Marli Pereira

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  3. Que filosóficos vocês!!!
    Ser ou não ser... de novo!
    A dúvida é sempre o saber...
    Sei lá! Já nem sei o que digo!
    Às vezes queria ser cachorro, outras,
    criança de novo...
    Valeu a reflexão!
    Chiquin

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  4. Eu me quero amanhã
    como uma surpresa
    que se sabe
    ignorante de si mesma
    Valeu pelas reflexões
    Gilson Reis

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  5. Salvaguardando as representações de cada um, criança e cachorro, concordo com Francisco, transmutamo-nos em gente-bicho e bicho-gente que doidiça a (i)racionalidade, o (des)afeto, de quem?...

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