Esta nossa casa de poetas hoje está diferente, ela está maior, pois suas paredes tiveram que dilatar-se para caber tanta ternura, tanta poesia, tanta alegria! E nós, eu e Dagô, também estamos diferentes, pois as paredes de nossos corações, que na verdade é um, também tiveram que dilatar-se para que coubesse tanta paz, tanto amor, tanta emoção. Até os cachorros estão modificados, pois estão acostumados a serem mimados apenas por nós e nesses dois dias receberam amor e mimo de tanta gente especial.
É, definitivamente esta nossa casa de poetas jamais será a mesma, hoje sua aura está marcada com novas cores, tornou-se uma aura arco-íris, de variegadas tonalidades, de intercruzadas alegrias. Já se ouve por todos os cômodos o suspiro fundo das paredes, do teto e do chão, como a amada que diz: “Ah, meu amado se foi e deixou tanta saudade!” Agora também há nela a cor da saudade, que era uma cor que não havia. E a cor da saudade se mistura à cor do sonho e à cor da esperança, que eram os matizes que a tonalizavam mais fortemente.
Hoje a nossa paineira já não é a mesma, pela primeira vez em sua meninice ela abrigou viajantes em sua sombra, podemos dizer que ela já é uma menina-moça frondosa, tão diferente daquela mudinha que plantamos com nossas mãos ontem mesmo. E ela também suspira saudade e, certamente, em breve, quando engravidar, as flores de sua primeira floração terão a cor e o perfume da saudade. E, a partir de hoje, sua sombra tocará o chão com mais cuidado para não melindrar as marcas deixadas ali pelos pés dos nossos amigos. Certamente, pedirá ao vento que vente bem devagarzinho e até mesmo à chuva que demore para chover, a fim de que essas pegadas se conservem o máximo de tempo possível para a visão de seus olhos vegetais.
As carpas já não serão as mesmas, pois as suas cores alegres foram refletidas nos olhos extasiados de nossos amigos. E o barulho da água que jorra dentro do laguinho já não será o mesmo, pois ele foi sentido pelos ouvidos sagrados de muitos poetas. E a chama da lareira já terá um novo jeito de se mostrar, será uma chama com rimas, assonâncias e aliterações, pois a lareira, nessa madrugada mágica, foi batizada de poesia e agora é uma lareira musa, uma lareira especializada em aquecer e iluminar poetas. Já não será o mesmo o nosso castiçal, pois, a partir de hoje, desejará apenas abrigar velas que iluminem olhos de poetas em busca de palavras mágicas na escuridão da noite.
Não, já não será a mesma aquela mesa enorme que hoje se tornou pequena para acolher tanta alegria e nenhuma das cadeiras jamais se esquecerá de que há um tempo para tudo debaixo do céu. E até mesmo a toalha jamais poderá se esquecer do gosto do vinho que a embriagou, abundantemente servido pelas mãos do Gilson.
Lá fora há um grilo, mas seu canto, antes despercebido, agora se faz notar, pois foi contaminado; seu cri-cri-cri antes monótono agora traz sílabas métricas e versos cadenciados: ABAB.
Porém, de todas essas mudanças ocorridas, a mais espantosa é a mudança do silêncio. Ele, que antes era apenas uma cômoda e singela ausência, agora está povoado de vozes, de cantos, de gestos, de cheiros, de abraços e de olhares, de versos, reversos e inversos. É um silêncio que fala, que sussurra, que se move e se renova numa voz envolvente e amena: poesia, poesia, poesia, poesia, poesia, poesia, poesia, poesia, poesia...
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Obrigada amigos, por terem trazido a brisa dessa mudança e a força dessa marca que aqui deixaram. Para fechar com chave de ouro este final de semana ímpar, convidamos a todos para cantar conosco a bonita música de Renato Teixeira “Amizade Sincera”:
A amizade sincera é um santo remédio,
É um abrigo seguro.
É natural da amizade
O abraço, o aperto de mão, o sorriso.
Por isso se for preciso,
Conte comigo, amigo disponha.
Lembre-se sempre que mesmo modesta,
Minha casa será sempre sua, amigo.
Os verdadeiros amigos
Do peito, de fé,
Os melhores amigos,
Não trazem dentro da boca
Palavras fingidas ou falsas histórias.
Sabem entender o silêncio
E manter a presença mesmo quando ausentes
Por isso mesmo apesar de tão raros
Não há nada melhor do que um grande amigo.
É um abrigo seguro.
É natural da amizade
O abraço, o aperto de mão, o sorriso.
Por isso se for preciso,
Conte comigo, amigo disponha.
Lembre-se sempre que mesmo modesta,
Minha casa será sempre sua, amigo.
Os verdadeiros amigos
Do peito, de fé,
Os melhores amigos,
Não trazem dentro da boca
Palavras fingidas ou falsas histórias.
Sabem entender o silêncio
E manter a presença mesmo quando ausentes
Por isso mesmo apesar de tão raros
Não há nada melhor do que um grande amigo.
Isa e Dagô
Parabéns Isa por tamanha sensibilidade. Texto maravilhoso, quanto capacidade de escrita!!!!!
ResponderExcluirGostei demais. É como se tivesse havido um batismo.
Olá Isa e Dagô
ResponderExcluirNão tenho dúvida de que o Sarau pegando o Gancho também sentiu essa mudança, Marli expressou um pouco disso no seu texto. Obrigada pela acolhida e pela possibilidade de tantos momentos maravilhosos.
Abraços para vocês.
Isa escreve com alma, com paixão, por isso é tão bom ler o que ela escreve, é tão bom ouvi-la. Obrigado querida, pelas suas palavras e pelo seu compromisso com a vida e com a amizade! <3
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